Já está em vigor a nova regra que limita o uso do crédito rotativo do cartão de crédito, ninguém pode usar a modalidade por mais de trinta dias consecutivos. A notícia está sendo comemorada por muitos e sendo vendida pela mídia como uma redução drástica nos juros. Nesta matéria falaremos o porquê nem sempre vale a pena trocar o rotativo do cartão de crédito pelo parcelamento (financiamento).
Infelizmente nós acreditamos que os juros reduzidos – hoje o parcelamento tem juros entre 0,99% a 9,99% ao mês – são temporários, pois os juros do cartão de crédito não são regulados, as administradoras podem cobrar o quanto quiserem. Nada impede que a taxa de juros sofra as mesmas altas constantes do crédito rotativo, que chegou a custar mais de 450% ao ano em algumas administradoras.
Financiamentos de longo prazo podem impactar no aumento da dívida
Embora o parcelamento de fatura tenha juros menores do que o rotativo, o produto pode custar mais caro, isso porque o consumidor pode criar o hábito de parcelar a fatura para pagar uma parcela acessível por mês. Além disso, as grandes administradoras já anunciaram que vão parcelar a fatura automaticamente em 12x caso o cliente não quite o saldo devedor após trinta dias de uso do rotativo e também não faça nenhuma opção de parcelamento.
No rotativo o cliente tinha a pressão dos juros abusivos para quitar a dívida em um menor tempo possível, já no parcelamento isso não acontece. O consumidor só descobre o Custo Efetivo Total (CET) da transação se fizer as contas. Como no Brasil a maioria das pessoas só olha para as parcelas para ver se ela cabe no bolso, as administradoras continuarão a lucrar com juros abusivos.
Pontos negativos da nova regra:
- O rotativo deixa de ser ofertado após 30 dias;
- Nada garante que o financiamento de fatura permaneça com os juros reduzidos (os juros não são regulados) — a tendência é aumentar!
- No longo prazo uma dívida parcelada pode sair mais cara do que se o consumidor tivesse usado o rotativo por poucos dias;
- O parcelamento de fatura fará com que mais clientes deixem de quitar o total da fatura para optar por parcelas que cabem no bolso e, com isso, mais dinheiro as administradoras ganharão com juros;
- Se o consumidor não optar por nenhum plano de financiamento pode ter a fatura automaticamente parcelada com juros e parcelas de acordo com a vontade da administradora;
Seja na regra antiga ou na nova. A nossa dica prevalece, quite sempre o total da fatura, evite depender dos juros do cartão de crédito, seja ele crédito rotativo ou financiamento. É fundamental que o consumidor tenha controle dos gastos e nunca gaste mais do que pode pagar.